PEREGRINOS
- Davi Roballo
- 8 de ago. de 2021
- 2 min de leitura

Quando criança acreditava que encontrava pessoas felizes e realizadas nas ruas e abrigadas em suas casas. O tempo passou e a maturidade estendeu sem mando sobre aquilo que me tornei, foi então que me percebi caminhando em busca de alguma coisa entre as mesmas pessoas de outrora, e a cada passo me vi como realmente somos: forasteiros a procura de um caminho que nos leve de volta para casa.
O que pulsa em nossa alma é vida peregrina, a busca por aquilo que parece ter ficado distante em algum deserto, floresta, oásis ou estrela.
Há uma sensação de insaciedade que se arraigou em nossa alma, nada nos satisfaz. Nenhuma conquista, por maior que seja, preenche o vazio no qual flutuamos, por isso, andamos aqui e acolá colhendo novas emoções e razões para construir uma espécie de prazer em nos encontrarmos vivos.
Nos meandros do inconsciente humano há uma mesma inscrição pelas paredes e pelo chão, até mesmo os pássaros que lá habitam a fizeram canção. MAL CHEGAMOS E JÁ DESEJAMOS PARTIR, diz essa canção que toca e vibra ininterruptamente, mesmo no silêncio.
Dificilmente podemos encontrar entre nós alguém que não se extasie por aquilo que provoque uma espécie de espanto e esperança em nós, seja a grandiosidade do mar, seja o horizonte ou as estrelas, visto que tudo isso lembra distancias e as distancias denotam caminhos.
A chuva, o sol e as estações que chegam e partem sem nada dizer, apenas acenam na certeza de um novo retorno e outra partida.
Assim vamos seguindo esse caminho amassando gravetos e folhas caídas e vez por outra pisando em pegadas de outros que nos antecederam.
Onde dará esse caminho? Ninguém ainda sabe em absoluto, pois até mesmo as aves que partiram, de lá jamais retornaram, para ao menos abrandar nossa angústia e nosso desespero quanto ao fim dessa estrada em que estamos.
Comments