PONTO FINAL
- Davi Roballo
- 9 de jun. de 2021
- 1 min de leitura
Atualizado: 10 de jun. de 2021

No fio de energia,
Três pombas pousam alheias ao cortejo
Que ocorre logo no chão por aonde
Seis humanos carregam o peso do próprio corpo,
Enquanto suas mãos dividem o peso de outro corpo
Encaixotado e sem vida...
A cor predominante junto ao silêncio do féretro é o preto,
Cor da seriedade, da formalidade e do luto,
Mas, é bem possível ser ela a cor da negação,
Principalmente em relação a simplicidade da vida.
E a vida é um alfabeto completo que utiliza todas
As letras repetidas vezes
E quase todos os sinais de pontuação, visto que, o ponto final
Só se usa uma vez,
Portanto, nesse momento, seis interrogações vestidas com terno preto
Carregam um ponto final, um ponto que o tempo
Como uma borracha também vai apagar.
O ponto final, na última negação em ser ponto final,
Está encaixotado em madeira e em alguns minutos
Será envolto por tijolos e concreto,
Pois há esperança de que ele possa se transformar em reticências,
Mas a borracha do tempo, mesmo um pouco mais lenta,
Cedo ou tarde vai apagá-lo.
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