PORTAS
- Davi Roballo
- 19 de jun. de 2022
- 2 min de leitura

As portas sempre fascinaram porque elas carregam em si entradas e saídas, eternas testemunhas de chegadas e partidas, mensageiras de boas-vindas e despedidas.
Portas do céu, portas do inferno.
Em meu ser as portas da alma encontram-se nos ouvidos e nos olhos e as portas de saída se encontram nos meus gestos e em minha boca.
Não há, nunca houveram cidades sem portas de entradas e portas de saídas,
O mundo por sua vez tem em si uma grande porta de entrada e uma outra de saída.
Nessa vida eu e tu somos essa porta por onde passa tanta gente viva e tantas outras que já são fantasmas.
Todos que passam deixam algo na soleira dessa porta e também levam algo consigo, nem que isso seja o pó nos calçados.
Comum se torna portas cheirando a madeira verde cruzarem indiferentes pelo arco de outras portas antigas e amarrotadas pelas marteladas da vida.
Velhas portas, sábias por terem cruzado por tantas outras portas e outro tanto de portas terem cruzado por elas.
Velhas portas talhadas com a arte de adornos que traduzem o silêncio de um rio profundo que bastando a si mesmo não mais necessita exibir as violentas torrentes dos rios jovens que ao descerem das montanhas ignoram a distância e o tempo que há entre eles e o mar.
Portas são quais o ser humano, que não vai a lugar algum além de si mesmo, visto que todas as estradas apontam para o que há dentro dele.
Portas e humanos, pontos de partidas e estação de chegadas.
Homens grandes, portas escancaradas, homens pequenos portas entreabertas, homens medíocres portas fechadas,
Tudo é porta de entrada e porta de saída, portanto, inútil se torna impedir que outras portas ultrapassam seu marco num boas-vindas ou despedida.
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