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Quem quer repetir a mesma vida infinitamente?


“E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: “Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência – e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez – e tu com ela, poeirinha da poeira!”. Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderias: “Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!”Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: “Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?” pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?” Nietzsche




Quem se depara com este texto e se põe a refletir, dificilmente deixa de ter a impressão de ter levado um soco no estomago. Por ser um pensamento demasiadamente perspicaz, pode tirar quem consegue interpretá-lo da letargia existencial a que estamos submetidos desde há muito. Quem o lê e o leva a sério, acorda para a beleza da existência. É um texto que conscientiza. São letras que mostram que o ser é maestro e construtor do próprio destino. O ser e mais ninguém. Somente ele.

A partir da idéia do Eterno Retorno se aprende a esperar as grandes felicidades desfrutando das pequenas alegrias, isso porque o instigante filósofo alemão, mais do que discussões a respeito de um ciclo temporal, propõe ao ser uma autoavaliação: o que fez e o que está fazendo da vida? Ou seja, se fez até aqui as escolhas certas e se está caminhando por caminhos seguros que não lhe causem arrependimentos futuros.

Nietzsche questiona quem o lê, se realmente ama a vida que leva a ponto de querer repeti-la pela eternidade ou se há algo a ser consertado, pois, isso implica em reviver todas as dores, conquistas e alegrias sem a menor alteração. Questiona ainda, se existe amor suficiente na existência para que diante da hipótese de repeti-la infinitamente o ser a faça com alegria sem hesitar e/ou reclamar.

Longe de ser uma negação pessimista da vida, Nietzsche instiga o ser a viver com alegria optando sempre pelas melhores escolhas. O homem segundo o filósofo, tem o direito de construir sua felicidade, isto é, “os homens não têm de fugir à vida como os pessimistas, mas como alegres convivas de um banquete que desejam suas taças novamente cheias, dirão à vida: uma vez mais”.

A vida, a existência em si é muito breve. É um erro agirmos como se maquinas fossemos, ou seja, repetir sempre as mesmas coisas. Não percebemos, mas, na repetição edificamos o maior obstáculo a criação e a felicidade humana, o aleijamento do ser… a monotonia. O sim à vida, significa desprender das correntes que prendem o homem pelo tornozelo não o deixando caminhar verdadeiramente pela existência. Amar a vida é ter em mãos o leme da própria existência.

O conceito de Eterno Retorno aponta que a vida é curta, efêmera, fugaz e o tempo não pára para pedir as horas, como disse Shakespeare “Um dia você aprende (…) que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás, portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores (…)”. Assim sendo, a responsabilidade pela felicidade e amor à vida, cabe unicamente ao ser e a mais ninguém.


 
 
 

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