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SURREAL




A vida antigamente era observada pelas janelas.

Debruçados nos parapeitos

Podíamos observar os vizinhos

E os acontecimentos reais

Abrigados em nossa própria casa.


O tempo passou e as janelas da casa

Se converteram em telas digitais,

Nas quais a vida é colorida artificialmente

Ao gosto de nossa vaidade, da vida inventada,

Vida idealizada, surreal e vazia.


Chamam isso de tecnologia, de avanço,

De modernidade e de liberdade,

Quando, na verdade, algo ou alguém

Nos aprisionou em nossas próprias deficiências e medos.


Presos, vivemos no inferno das impossibilidades,

Mas com a aparência de quem flutua no éter do paraíso.


A serpente da tecnologia

Nos seduz e nos envolve pela ilusão da autossuficiência

E por um falso teor de alta resistência,

Mas, não passamos de uma fina lâmina de cristal muito frágil.


Mergulhados nesse mundo cinza e inventado

Não percebemos que tudo ao nosso derredor

Perdeu as cores e a própria vida,

Basta observar a cor dos carros de ontem

E compará-las as cores dos carros do hoje;

A arquitetura moderna totalmente quadrada,

Reta, frágil com cores neutras e sem poesia

Em detrimento a arquitetura do passado

Que carregam em cada coluna e em cada parede

Uma impressionante obra de arte;

As flores e folhagens vivas que nossas mães tinham em casa

E as flores e folhagens de plástico que as substituíram,

Pois não temos tempo para observar cores,

Muito menos para zelar por plantas vivas,

Visto que, a vaidade se alimenta de nosso tempo

Enquanto nos esvazia e deixa-nos

A impressão falsa de completude.

 
 
 

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