SURREAL
- Davi Roballo
- 3 de jul. de 2021
- 1 min de leitura

A vida antigamente era observada pelas janelas.
Debruçados nos parapeitos
Podíamos observar os vizinhos
E os acontecimentos reais
Abrigados em nossa própria casa.
O tempo passou e as janelas da casa
Se converteram em telas digitais,
Nas quais a vida é colorida artificialmente
Ao gosto de nossa vaidade, da vida inventada,
Vida idealizada, surreal e vazia.
Chamam isso de tecnologia, de avanço,
De modernidade e de liberdade,
Quando, na verdade, algo ou alguém
Nos aprisionou em nossas próprias deficiências e medos.
Presos, vivemos no inferno das impossibilidades,
Mas com a aparência de quem flutua no éter do paraíso.
A serpente da tecnologia
Nos seduz e nos envolve pela ilusão da autossuficiência
E por um falso teor de alta resistência,
Mas, não passamos de uma fina lâmina de cristal muito frágil.
Mergulhados nesse mundo cinza e inventado
Não percebemos que tudo ao nosso derredor
Perdeu as cores e a própria vida,
Basta observar a cor dos carros de ontem
E compará-las as cores dos carros do hoje;
A arquitetura moderna totalmente quadrada,
Reta, frágil com cores neutras e sem poesia
Em detrimento a arquitetura do passado
Que carregam em cada coluna e em cada parede
Uma impressionante obra de arte;
As flores e folhagens vivas que nossas mães tinham em casa
E as flores e folhagens de plástico que as substituíram,
Pois não temos tempo para observar cores,
Muito menos para zelar por plantas vivas,
Visto que, a vaidade se alimenta de nosso tempo
Enquanto nos esvazia e deixa-nos
A impressão falsa de completude.
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