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TALVEZ UM DIA...

Atualizado: 9 de mar. de 2022




Minha alma teimosa encontra-se grávida de recomeços, de insistências e de novas esperanças.


Minha alma de criança ainda acredita nos homens, por isso mantém os olhos fixos no devir à espera do novo homem, o ser inundado de virtudes.


A gravidez de minha inocência infantil que a tudo contempla com espanto de uma primeira vez, ainda está acontecendo.


Nem bem comecei a escrever e já desejo interromper o fluxo das correntes que eclodem além do que compreendo ser eu, além do mais, sinto dores do parto sem ter parido.


Tudo aquilo que escreveram e escrevem os poetas existencialistas, talvez um dia seja manual para ser lido em voz alta em hospícios, nos quais, estão enclausurados aqueles que sabem verdadeiramente qual é a verdadeira face, o gosto, o cheiro e a textura do mundo, por isso estão isolados, visto que, enxergar além do próprio nariz é loucura e grave pecado.


Talvez um dia as letras de poetas e sábios possam arrebentar os grilhões da própria inconsciência coletiva que arrasta pelas ruelas imundas a maioria dos humanos.


No agora, pensar, questionar e simplesmente ver, ainda é chamarisco para a Nau dos Loucos e o seu exílio além mar...


Encontrar-se acordado enquanto a grande maioria dorme torna-se um perigo, o perigo mais perigoso entre os maiores perigos, o risco de abrir as portas de um hospício e trancafiar-se nele.


Eu, - assim como outros que nasceram com olhos de ver e ouvidos de ouvir- não sou para o agora, ainda estou no útero de meus sonhos, talvez um dia seja parido de uma gravidez póstuma.


Talvez nesse dia, gritos de loucos e gritos de partos sejam ouvidos em uma só voz, gritos que libertem tantos das próprias masmorras.


Até lá, sou tudo aquilo que fui deixando de ser o que pretendia ter sido, pois, se assim, não fosse já teria sido engolido pela boca voraz do mundo.


Até lá, a loucura me protege, principalmente de mim mesmo, pois, às vezes, pareço um ouroboro, o dragão que consome a si mesmo pelo próprio rabo, isto é, todos os caminhos que percorro não me são estranhos, algo em minha alma sabe que já os percorri com os pés descalços em outros tempos, noutros corpos...



 
 
 

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