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VIDA INDEFINIDA




Há uma indefinição em meu ser.

Não sei se passo pelo tempo

Ou se o tempo passa por mim.

A única coisa que sei e sinto

É essa impressão de retardatário

A perseguir um tempo que já passou.


Às vezes sou eu mesmo,

Noutras nem sei quem sou,

Pois sou assaltado

Por múltiplas sensações

E múltiplos humores.


Ontem fui dormir menino

E hoje acordei com cabelos brancos

E limitações protestando nas vias

Por aonde persigo o destino,

Estradas pavimentadas sem nível e sem esquadro

Que levam até meus enganos.


Aqui e ali procuro ainda

As chaves da porta dos mistérios,

Mas, apesar de não mais ser menino

Ainda me assusto com

A indefinição que há

Em cada curva sinuosa

Que repousa na sombra do futuro.


Às vezes percebo a vida se escasseando,

Então sinto vontade de sentar-me à mesa

E devorar de uma vez por todas

Sua carne nua e crua,

Mas quebro meus dentes

Em sua estrutura indefinível, dura e fria.

 
 
 

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