VIDA INDEFINIDA
- Davi Roballo
- 11 de mai. de 2021
- 1 min de leitura

Há uma indefinição em meu ser.
Não sei se passo pelo tempo
Ou se o tempo passa por mim.
A única coisa que sei e sinto
É essa impressão de retardatário
A perseguir um tempo que já passou.
Às vezes sou eu mesmo,
Noutras nem sei quem sou,
Pois sou assaltado
Por múltiplas sensações
E múltiplos humores.
Ontem fui dormir menino
E hoje acordei com cabelos brancos
E limitações protestando nas vias
Por aonde persigo o destino,
Estradas pavimentadas sem nível e sem esquadro
Que levam até meus enganos.
Aqui e ali procuro ainda
As chaves da porta dos mistérios,
Mas, apesar de não mais ser menino
Ainda me assusto com
A indefinição que há
Em cada curva sinuosa
Que repousa na sombra do futuro.
Às vezes percebo a vida se escasseando,
Então sinto vontade de sentar-me à mesa
E devorar de uma vez por todas
Sua carne nua e crua,
Mas quebro meus dentes
Em sua estrutura indefinível, dura e fria.
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