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Viver e escrever


Há dias em que pareço enlouquecer de vez

Enquanto escrevo, 

Pois a caneta transforma-se em uma espada, 

Que se agita e desenha-me no papel,

Mas em um lapso de lucidez percebo rapidamente

Que escrever é lutar inutilmente contra a certeza da morte.

A caneta se torna espada e a espada se torna caneta

Na luta em busca do eternizar no papel

Tudo aquilo que colho pelo meu caminho,

Tudo aquilo que sinto e me faz viver…

Ante a certeza de um fim sem data específica,

O escrever se torna meu apego à vida,

Uma corrida contra o tempo

Ciente de que tudo é transitório,

Tudo vem e tudo um dia tem de partir…

Mas, minha alma, meu sentir

Quer ao menos permanecer

Nas páginas de um livro,

No grafite de um muro,

Ou em alguma música

Que dê alegrias a ouvidos de ouvir,

Pois ser lembrado é viver mesmo já tendo partido,

Enquanto que ter apenas existido é andar de mãos dadas

Com algo sem rosto, algo para sempre ignorado…

 
 
 

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